Pessoas nas ruas se tornaram pequenos casulos entretidos e intocáveis dentro de suas bolhas. Os brinquedos de escravidão tecnológica estão afetando negativamente nossa vivência com a realidade em si mesma.
Essa reflexão não se destina a demonizar as maravilhas da tecnologia de comunicações atuais, mas focar em um aspecto negativo que está acontecendo quando permitimos que hardware e software se tornassem extensões dos nossos corpos e mentes.
Quantas interações deixam de ser feitas enquanto estamos 24 horas por dia preocupados em dar curtidas e postar imagens de tudo o que fazemos? E quando nos entupimos com informação desinformadora e gastamos energia com polêmicas sem sentido?
Todos preferem ficar em chats escrevendo para várias pessoas ao mesmo tempo. Escrevemos tanto e ouvimos tão pouco que até me surpreende a dificuldade de se achar cinemas que exibam filmes legendados atualmente. Na verdade, se fala bastante, em gravações de stories, em tik toks...
Não se olha mais para a pessoa que está ao seu lado no ônibus, na livraria, no centro cultural, nos corredores das universidades... As pessoas desaprenderam como se conhece alguém realmente. Em defesa dos casulos seguros, eu compreendo certo afastamento social tendo em vista a quantidade de pessoas imbecis e desagradáveis que nos cercam.
Mas quinhentas pessoas trancadas em um vagão de metrô lotado com seus olhos fixos nas telas de seus "telefones inteligentes" é um microcosmo que representa as muralhas que estamos construindo ao nosso redor. Algum dia serão derrubadas Deveriam ser derrubadas?
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