JollyRoger 80´s

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quinta-feira, 9 de julho de 2020

Análise do filme INTO THE FUTURE. O Risco da perda de informação em formato digital.

O objetivo desse trabalho é demonstrar o fenômeno contemporâneo do surgimento, acumulação e risco de perda de informação dos documentos eletrônicos. 

Dessa maneira pretende-se realizar uma resenha e análise do curta-metragem Into the Future: On the Preservation of Knowledge in the Electronic Age de Terry Sanders. Assim como promover uma diálogo com os autores que trabalham com o referido tema que é um dos grandes desafios tanto da Arquivologia quanto de outros campos de conhecimento.

O documentário foi produzido por American Foundation (em associação com Commission on Preservation & Access e American Council on Learned Societies) e expõe todo o perigo da perda de informação que se encontra armazenada em formato digital. 

O filme Into the Future (Entrando no Futuro: A preservação do conhecimento na era eletrônica) apresenta a ideia da existência de mundos digitais povoados por um universo de informações. Os discos, memória e formato dos dados mudam com o passar dos anos. 

Em determinados casos, com o passar dos meses. A informação em textos digitais são produzidas continuamente e ainda não ocorrem políticas eficientes de preservação e armazenamento. Nesse contexto, as rápidas mudanças tecnológicas complicam ainda mais o processo.

A Humanidade produz e acumula grande quantidade de dados. As informações são produzidas em uma velocidade tão grande que, de acordo com o exposto no filme, não há tempo suficiente, energia e recursos financeiros que garantam que a informação seja convertida para novas mídias. 

Ou seja, novos formatos de tecnologia surgem e os dados não são convertidos em tempo hábil antes que os suportes antigos se tornem obsoletos.

Em determinado momento do filme é exposto a tragédia ocorrida em 25 de agosto de 1992 em Sarajevo. Quando a Biblioteca Nacional sofreu um estratégico e brutal ataque resultante da guerra pela Bósnia-Herzegovina. Por meio das chamas, milhares de documentos importantes foram destruídos, como textos islâmicos raros, manuscritos do século XVI e obras de escritores bósnios, croatas e sérvios. 

A Biblioteca foi recentemente reformada. 

Guerras, catástrofes naturais são exemplos de adversidades que sempre foram e serão uma ameaça aos registros da História Humana. Por isso, se faz necessário tanto a preservação física dos registros, como também da capacidade de entendimento do significado das informações.

Quando tempo durará a Era do Papel? 

A famosa Pedra de Roseta é um artefato descoberto no Egito em 1799, que possui registros em três línguas diferentes. É bastante interessante a analogia apresentada no filme que diz que o papel substituiu a pedra como suporte e este, por sua vez, está sendo rapidamente trocado por novas formas de registro de informações.

Quanto tempo ainda vai durar a Era do Papel? Essa pode se configurar uma previsão complexa.

Obviamente o papel não é o único tipo de suporte documental, assim como não é o único a sofrer as ações destrutivas do tempo. Enorme quantidade de informações relativas às pesquisas da NASA estavam (ou estão) armazenadas em fitas magnéticas.


Estas tem-se mostrado um desastre como forma de armazenamento de dados, na medida em que, muitos problemas se mostram presentes inesperadamente no momento de sua conversão para novas mídias.


Jeff Rothemberg (senior computer scientist RAND Corporation) afirma que os arquivistas e bibliotecários pensam na preservação porque está seria a tarefa deles. Critica o fato de que a informática não têm demonstrado preocupações a respeito desse problema. 

O referido tecnólogo acredita que os profissionais de informática poderiam até mesmo ter ciência do fato, mas que a mentalidade profissional da área possivelmente seja orientada para um suposto ingresso no futuro. Nesse sentido, os sistemas obsoletos sejam deixados no passado.

O Arquivo Nacional em Washington possui quilômetros de prateleiras com documentos de todos os tipos (tratados, mapas, patentes) de todas as esferas governamentais. São mais ou menos 3 bilhões de papéis, além de filmes, discos fonográficos, gravações em áudio e vídeo em vários tipos de formatos. 

Definir uma política de preservação para toda essa quantidade de informação é um dos maiores desafios de qualquer profissional ou Governo.

Nos anos 2000 mais de 50% das transações federais foram feitas eletronicamente e toda essa gama de informação flui para o Arquivo do Centro de Registros Eletrônicos de Maryland. 

Nesse Arquivo encontram-se cerca de 800 fontes de dados digitais, estatísticos, informações vitais sobre saúde, previdência social, criminalidade, população de cada órgão do Governo. Configuram-se o tipo de informação que não pode de forma alguma ser perdida.

A preservação, transparência e acesso das informações contidas nos Arquivos é, em uma Democracia, a forma de um Governo prestar contas ao povo. Keneth Thibodeau (director of center for Electronics Records, National Archives and Records Administration) afirma que:

"Tradicionalmente, como em geral todos os Arquivos do mundo que lidam com registros eletrônicos, pedimos aos que os criam que nos enviem de maneira que não dependa de qualquer equipamento ou programa específico de software. Porque temos que presumir (...) que gerações futuras vão poder fazer uso da informação e a tecnologia gerada já haverá desaparecido."

Muita documentação mantida em formato eletrônico já desapareceu. Existem custos para a guarda e se faz necessária uma política séria baseada em compromissos bem estabelecidos, um plano consciente e frequente vigilância. Porém, na contramão desse processo existe o problema da ânsia em querer que tudo seja digitalizado. Pode originar o risco duplo de perda.

Deanna Marcun (President, Comission on Preservation & Access Council on Library Resources) alerta sobre o problema do dinheiro ser gasto em projetos de digitalização de informação, ao invés dos projetos tradicionais de preservação e microfilmagem. 

Os procedimentos não podem ser realizados numa tentativa desesperada em fornecer informação digital sem que seja pensado nas precauções quanto à preservação. Como também não pode-se deixar de lado as políticas e medidas para a preservação das informações digitais.


Muito material artístico e acadêmico é criado atualmente eletronicamente e simplesmente não existe em papel. Corre-se o risco de tudo se perder devido ao processo ''natural'' de obsolescência tecnológica. 

Profissionais que trabalham com mídias eletrônicas reconhecem o caráter efêmero de suas tecnologias e afirmam categoricamente que dentro de alguns anos tipos de livros eletrônicos produzidos na atualidade não estarão disponíveis.


Kátia P. Thomaz em seu artigo "Gestão e Preservação de Documentos Eletrônicos de Arquivo: Revisão de Literatura - parte I" se propõe a oferecer uma visão geral das iniciativas que têm surgido para tratar dessa problemática dos documentos eletrônicos. Em seu artigo a autora cita a CPA (Commission on Preservation & Access) que produziu o documentário Into The Future, analisado neste trabalho.

No artigo é exposto que durante muito tempo o olhar do arquivista se deteve sobre as grandes massas documentais acumuladas. Enquanto que os arquivos correntes não receberam a atenção necessária.

Um dos problemas contemporâneos é, além das grandes massas documentais acumuladas, a ainda não total gestão de documentos nos arquivos correntes e como já foi explicitado, a proliferação dos documentos eletrônicos e o risco de perda de informação oriunda das modificações no suporte. 


É importante a interessante análise de Charles Dollar sobre a ligação da informação contemporânea aos chamados "três imperativos tecnológicos´": a natureza mutável da documentação, a natureza mutável do trabalho e a mudança da tecnologia.

A World Wide Web (www) é a Rede das Redes que conecta tudo. Sem sombra de dúvida mudou o modo como as pessoas se relacionam. Para seu criador, Tim Berners Lee, a Web é uma meio universal aberto, como um papel. Ele afirma que a web em si não restringe nenhum informação. No entanto, essa observação é passível de alguma críticas. Pois a decisão de restringir esteja nas mãos dos controladores da Web.

Robert Stern, fundador da Voyager Company, uma das principais produtoras e editoras de livros eletrônicos, ressalta que a entropia ocorre bastante rápido, pois o meio degrada, as máquinas saem de linha e não se fazem programas de tradução.

A obsolescência das máquinas é um risco inerente para a perda total das informações.  Por tudo isso, pesquisas interdisciplinares se fazem necessárias com o objetivo de se desenvolver políticas e tecnologias para preservação da informação seja no suporte físico e/ou digital.



BONUS TRACKS:

Para assistir ao filme no Vimeohttps://vimeo.com/ondemand/148679

Into the Future: 
On the Preservation of Knowledge in the Electronic Age
A Film by Terry Sanders
Narrated by Robert MacNeil

58 Minute Version

Digital records Into the Future explores the hidden crisis of the digital information age. Will digitally stored information and knowledge survive into the future? Will humans twenty, fifty, one hundred years from now have access to the electronically recorded history of our time?

A sequel to the award-winning Slow Fires: On the Preservation of the Human Record, it features such icons of the Information Age as Peter Norton (Norton Utilities) and Tim Berners-Lee (father of the World Wide Web)


Link do trailer do filme Into the Future:  https://youtu.be/U_SyKmiAuzk

Para mais informações visite o site do American Foundation:

http://www.americanfilmfoundation.com/order/into_the_future.shtml

PRESERVING THE PAST: INTO THE FUTURE WITH TERRY SANDERS

Pillarisetti Sudhir | Apr 1, 1998

https://www.historians.org/publications-and-directories/perspectives-on-history/april-1998/preserving-the-past-into-the-future-with-terry-sanders

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