Muitos não sabem, mas o filme Jurassic Park foi uma adaptação do fantástico livro de Michael Crichton. Como se não bastasse a originalidade de criar a trama, que trazia os dinossauros de volta à vida por meio da genética e apresentar personagens ótimos como o matemático Ian Malcolm (brilhantemente interpretado por Jeff Goldblum) especialista na Teoria do Caos e o paleontólogo Alan Grant (Sam Neil), o livro aborda questões importantes como genética, a já citada teoria do caos e bioética. Ou seja, os limites éticos necessários para atuação do homem nas ciências e na tecnologia.
Acho que o filme foi ótimo, mas recomendo à todos os fãs a leitura do livro, cujas sequências de aventura eram tão extensas que acabaram sendo divididas nos três filmes da franquia original. A gaiola dos Pteranodontes, por exemplo, uma das melhores partes do Jurassic Park III está nesse livro. Alguns personagens são bem diferentes do que vimos no filme, principalmente John Hammond. O que pode desagradar muitas pessoas que adoram a versão boazinha e simpática vivida pelo saudoso Richard Attenborough.
O livro também é bem mais violento do que o filme e a exposição das ideias da Teoria do caos se fazem presentes a todo momento. Sem sombra de dúvida, o Ian Malcolm é o personagem mais importante do livro e é surreal saber que em determinado momento os produtores do filme pensaram em retirá-lo da versão cinematográfica! Transcrevo aqui um dos discursos mais fleumáticos do personagem Ian Malcolm, que no livro é bem mais fatalista e desesperançoso.
"Estou falando sobre toda a ordem do mundo natural. Porque o comportamento dos animais complexos pode evoluir rapidamente. Os seres humanos estão transformando o planeta e ninguém sabe se é um desenvolvimento perigoso ou não. Em dez mil anos o ser humano passou da caça para a agricultura, das cidades para o espaço cibernético.
O comportamento está avançando rapidamente e pode ser não-adaptativo. Ninguém sabe. Embora eu ache que o espaço cibernético significa o fim da nossa espécie. Porque significa o fim da inovação. A ideia de que o mundo todo está ligado é morte em massa. Todo biólogo sabe que grupos pequenos isolados evoluem com maior rapidez.
Se pusermos dez mil pássaros numa ilha oceânica vão evoluir rapidamente. Se pusermos dez mil num grande continente a evolução é mais lenta. Ora, na nossa espécie, a evolução ocorre especialmente por meio do comportamento. Inventamos um novo comportamento para nos adaptar. E todos no mundo sabem que a inovação só ocorre em pequenos grupos.
Se pusermos três pessoas num comitê, elas podem conseguir fazer alguma coisa. Dez pessoas, fica mais difícil. Trinta pessoas, nada acontece. Trinta milhões torna-se impossível. Esse é o efeito dos meios de comunicação de massa – impede que as coisas aconteçam. A comunicação de massa simplesmente afoga a diversidade. Faz com que todos os lugares fiquem iguais. Em Bangcoc, Tóquio ou Londres, encontramos um McDonald´s numa esquina. As diferenças regionais desaparecem.
Todas as diferenças desaparecem. No mundo da comunicação de massa, há menos de tudo. Exceto os dez livros mais vendidos, discos, filmes, ideias. O povo se preocupa, temendo perder a diversidade das espécies na floresta tropical. Mas e a diversidade intelectual, nosso recurso mais necessário? Essa está desaparecendo com mais rapidez que as árvores.
Mas ainda não percebemos isso, e agora estamos pensando em colocar cinco bilhões de pessoas juntas no espaço cibernético. E isso vai congelar todas as espécies. Tudo vai parar e morrer. Todos pensando a mesma coisa ao mesmo tempo. Uniformidade total. E acredite, vai ser rápido. Se você mapear sistemas complexos numa paisagem de perfeição vai descobrir que o comportamento pode se mover tão depressa que a perfeição diminui numa rapidez incrível.
Não precisa de asteroides ou doenças, nada mais. É só um comportamento que surge de repente e acaba sendo fatal para a criatura que o usa. Minha ideia é que os dinossauros, sendo criaturas complexas, devem ter passado por uma dessas mudanças de comportamento. E isso os levou à extinção."
Ian Malcolm
BONUS TRACKS:
Sir Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, escreveu em 1912 um dos últimos grandes livros de aventura da era vitoriana, "O Mundo Perdido". Nesse clássico, o autor "trouxe os dinossauros para a literatura e criou um clássico da aventura e da ficção científica".
Na trama, o jornalista Malone vai entrevistar o professor Challenger, que acredita que existe um estranho platô no BRASIL, que abriga um mundo parado no tempo, com criaturas pré-históricas de várias eras geológicas.
Essa edição da Editora Principis pode ser encontrada por preços bem baratos. Ela têm lançado várias obras clássicas de aventura como A ilha do tesouro e A volt ao mundo em 80 dias. Já a edição abaixo da editora todavia é mais bonita.
"Assim como Sherlock Holmes definiu o padrão e em certo sentido estabeleceu a fórmula das histórias de detetive, O mundo perdido definiu o padrão e a fórmula das histórias de fantasia e aventura." _ Michael Crichton
Boa leitura! "A vida encontra um meio".
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