Roma era uma cidade que possuía estabelecimentos hospitaleiros em profusão. Principalmente os fixados nos bairros populares e em locais de grandes concentrações como o grande circo e teatros. Os ditos estabelecimentos são modestas construções e em sua maioria pratica-se a prostituição.
As multidões que se aglomeravam nas tabernas foi motivo de preocupação das autoridades. Os Imperadores Tibério, Cláudio e Nero chegaram a proibir a venda de alimentos quentes, visando dificultar a reunião das pessoas, o surgimento de atividades políticas e impedir o risco de incêndios (suprimindo os fogões). As tabernas e bares possuíam má reputação e não atraíam pessoas mais refinadas (pelo menos num primeiro momento). Seus proprietários eram geralmente de origem servil e suspeitos de encobrirem atividades ilícitas.
Por Tertuliano, sabe-se que nos registros de "polícia" secreta de Roma tem-se como "suspeitos a vigiar" os bodegueiros, os jogadores de dados, os proxenetas e os cristãos. Uma gama variada de indivíduos que de uma forma ou de outra, poderiam representar uma ameaça à ordem pública.
Os bares de Roma, assim como em Atenas, são pontos de encontro de marginais. O clima dos lugares é pesado e geralmente são espaços onde ocorrem violentas brigas e disputas. Como todo tipo de prazer deveria estar à disposição, as donzelas que trabalhavam servindo bebidas, também acumulavam a (talvez descomplicada) função de prostitutas.
Ou seja, os albergues também eram lupanares (prostíbulos). A sedução poderia ir ao encontro de qualquer um em qualquer lugar, pois todos os lugares (Foros, Teatro, Circo) são frequentados pelas profissionais. Pode-se encontrá-las também no templo de Ísis, pois seu culto é o preferido das prostitutas que obtém conforto na promessa de felicidade no além propagada pela religião isíaca.
O Submemmium, a "rua das putas" já foi descrita como o "inferno" de Roma, abismo da decadência e do lodo. Espaços pequenos, sujos e fedorentos onde moças e rapazes estão esperando o momento de serem usados. Era um época mais difícil para as prostitutas, ao contrário de hoje em dia, em que é possível ganhar dinheiro e satisfazer clientes vendendo nudes e vídeos pelo instagram.
Um dos divertimentos dos ricos romanos no Império era a Cena. Assim como os gregos, os romanos realizavam o banquete. Essa cena tinha por objetivo como grande arte dar uma aparência diferente aos alimentos. A cena é o mundo do teatro e da ilusão. Essas festas contavam com equilibristas, musicistas tocando flautas, dançarinas sensuais e figuras grotescas.
Como grande atração tem-se as "Dançarinas de Gades" que movem-se libidinosamente executando danças de origem ibérica. Fazendo uso de castanholas, dando gritinhos obscenos ao requebrar o traseiro, elas procuravam excitar ao máximo os convidados.
Eis a imagem da orgia romana: COMER, BEBER, VOMITAR. Nas palavras da autora, uma festa triste. Será? Os romanos teriam ultrapassado os limites nos seus banquetes (diferentemente dos gregos). A cena romana expressa bem a cidade e seus habitantes: o máximo de exagero em todas as coisas. Mas é incorreto afirmar que toda a sociedade do Império estivesse mergulhada na orgia e depravação.
Com o estabelecimento do Império foi instaurada a "paz romana" com seus valores de retorno à vida familiar e às virtudes domésticas. Porém, isso não impediu que alguns ainda procurassem novas formas de prazer e divertimento com os marginalizados e excluídos. O acanalhamento da nobreza deveria ser considerada uma forma de perversão.
No mundo romano nada poderia ser mais desonroso do que a figura do gladiador. No entanto, esses personagens exerciam um enorme fascínio e popularidade. Talvez seja devido à ideia alimentada pelos romanos do prazer ligado à morte. Em resumo, os gladiadores tiveram muitas mulheres, inclusive as de famílias nobres. Poder e fama atraem o fascínio das pessoas desde a Antiguidade por mais efêmero que sejam. A opinião da sociedade não mais importa nem infringe medo.
As relações, antes proibidas são até ostentadas por alguns. Outras figuras como cantores, músicos, atores teatrais e mímicos, também desprezados, fizeram uso e foram usados por mulheres da mais alta sociedade. Por fim, as moças da nobreza misturavam-se orgulhosamente (?) com outras de classe mais baixa. Vale ressaltar que gladiadores e atores exerceram também um fascínio sobre os maridos e irmãos das grandes damas.
El Satiricón de Petronio
Fonte: "Submundos da Antiguidade" de Catherine Salles.
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