O Brasil não é (somente) atrasado por causa do axé, funk e pagode. O problema é só se ouvir axé, funk e pagode. E a ultra valorização e massificação de certos estilos em detrimento e esquecimento de outros.
O problema não é o futebol, mas o enaltecimento exagerado de qualquer esporte e seus praticantes. Quando a educação já é precária a arte poderia auxiliar na expansão das mentes, no conhecimento de culturas e no desenvolvimento do senso crítico.
No Brasil, a ''arte'' popularesca e comercial propagada pela mídia e referendada convenientemente pelos cientistas sociais não faz isso. Acho que as redes sociais são novas formas de mídia usadas por pessoas que ainda sim são bastante influenciadas pelos velhos grupos. Existem sim muito mais vozes hoje em dia, mas é meio perigoso acharmos que os grandes tubarões perderam totalmente sua força.
E não acho que o que se torna popular seja necessariamente de baixa qualidade, mas geralmente os artistas super mega comerciais onipresentes são produtos de grandes empresários, por exemplo. Então, podemos entender que a grande mídia ainda exerce sim grande influência.
Acho que qualidade de algo possa ser medido. Na verdade em todos os aspectos existem classificações. Na ginástica olímpica por exemplo, existem critérios para se julgar se uma apresentação foi boa ou ruim. Somos julgados quando apresentamos uma pesquisa acadêmica.
Em um debate as pessoas julgam através de uma série de fatores de um orador se expressa melhor que o outro e por aí vai. Não sei porque isso não possa ocorrer nas artes.
Arte pode ser subjetiva, mas relativizar isso ao extremo é arriscado. Conceitos de ''alta'' e ''baixa'' cultura realmente soam preconceituosos, mas não é possível que não possamos ver diferença de qualidade entre formas de expressão artística.
No caso da música, talvez racionalmente não dá pra dizer que um gênero seja melhor que o outro, mas se formos comparar dois tipos de pagode ou canções pop, por exemplo, acho que é possível.
A minha opinião pessoal, no entanto, é sim, que existem artistas de qualidade diferentes. Pessoas talentosas e outras não. Competentes e autênticos e outros não. Filmes bons e ruins. Se formos falar em cinema e focarmos em blockbusters por exemplo, não podemos entrar nesse mega relativismo e dizer que Velozes e Furioso 15 está no mesmo nível de qualidade de um Star Wars (nos filmes pré-Disney).
Concordo que todas as mídias são meios de transmissão de informação e arte. Acho também que um bom programa de tv (entendendo que a pessoa saiba como assistir) pode ser tão gratificante quanto um bom livro. Até porque existem livros ruins. Eu não quis dizer que esses gêneros são necessariamente ruins. Existe, na minha opinião, o bom pop e o pop ruim, assim como o bom funk ou rap e os funks ruins. Axé bom eu ainda não ouvi, mas se considerarmos Daniela Mercury como axé, então ela tem músicas boas.
O que não compreendo e não aceito (mas talvez eu seja cego pra essas coisas) é essa ideia (quase que uma verdade absoluta) de algo não poder ser considerado ruim, de baixa qualidade. Isso é só com cientistas sociais rs. Se você assistir qualquer entrevista com grandes músicos e cineastas, eles falam abertamente suas opiniões sobre as artes, criticam duramente as obras e estilos alheios.
A maioria esmagadora desses meninos da mídia são produtos descartáveis de carnaval. Se eu não disser o que tenho pra dizer, a televisão ruim e as redes sociais vão dizer o contrário! Uma criança tem que estar em um ambiente em que todo tipo de arte esteja disponível e não só a comercial sem alma, imbecilizante.
Quando todos os estilos e discursos estiverem a disposição equilibradamente esse jovem vai ter mais opções para explorar seus gostos. O que acontece é que a maioria é entorpecida com apenas uma fatia do que existe.
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