Volto nesse texto a tratar das polêmicas a respeito do filme "Black is King", que já está disponível no serviço de streaming da Disney. Beyoncé enquanto artista tem total direito de se expressar, assim como de qualquer pessoa de analisar e criticar a obra. O que tenho debatido desde essa nova (velha) polêmica de semanas atrás é a liberdade que tanto ela quanto a historiadora Lilian Scwarcz tem de se manifestarem.
O que os entusiastas de Beyoncé e pessoas do movimento negro afirmam é que uma pessoa branca não pode querer ensinar para uma pessoa negra como ela deve se manifestar artisticamente, como ela deve se comportar, como ela deve defender seus ideais. Entendo isso até certo ponto.
Mas estamos em sociedade, meus amigos. O que você ou seu grupo faz ou defende afeta e influencia outros tantos. E você não pode querer que milhares de pessoas fiquem inertes de agora em diante por causa de reparações históricas. A valorização de uma cultura ou povo ou história não pode estar atrelada à diminuição de outros. O oprimido não pode e não vai se tornar outro tipo de opressor.
Mas se levarmos essas questões de maneira tão radical as consequências serão os isolamentos desses grupos. Às vezes as pessoas se enganam em relação à sua própria força e independência. Em sociedade não estamos sozinhos e só quem se manifesta e tenta o diálogo sabe o quanto isso é difícil. Nossa sociedade também é formada por milhares de idiotas que não sabem interpretar o que leem, fanáticos religiosos e ideológicos.
Se formos levar ao extremo os usos do lugar de fala (que é usado frequentemente como lugar de cala) os negros também não podem emitir opiniões sobre como pessoas brancas devem agir, pensar ou se expressar. Só um descendente de portugueses pode falar sobre as grandes navegações, só um alemão pode falar sobre o que foi o nazismo, só um cidadão do leste europeu poderá falar dos horrores do comunismo. E isso é completamente absurdo!
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