Edward Scissorhands (Edward Mãos-de-Tesoura, 1990) foi o primeiro filme da longa parceria entre Tim Burton e Johnny Depp. Foi um projeto pessoal concebido entre as duas superproduções Batman (1989) e Batman O Retorno (Batman Returns, 1992). Foi escrito, produzido e dirigido por Tim Burton em uma época de frescor criativo quando ele não se limitava a fazer apenas refilmagens personalizadas de outros filmes (e séries) clássicos.
Geralmente os filmes de Tim Burton contam histórias de outsiders. Personagens à margem da sociedade ''normal'', excêntricos, anti-sociais e incompreendidos. Podemos entender as ''mãos'' de tesoura do personagem como uma grande metáfora para retratar um ser completamente inadaptado ao convívio social ou como uma forma lúdica e fantasiosa de contar o drama de uma aberração, de uma pessoa deformada.
Em um primeiro momento todos ficam espantados e curiosos com a presença de uma estranha figura como Edward. Logo ele se sobressai cortando cabelos das mulheres de maneira estilosa e fazendo esculturas nos jardins das casas padronizadas do subúrbio multicolorido.
Mas em pouco tempo ele é transformado em persona non grata e perseguido violentamente pelos moradores da vizinhança.
Edward Mãos-de-Tesoura foi o último filme do ícone do terror Vincent Price. Este veio a falecer pouco tempo depois. Ironicamente, sua última cena foi a morte de seu personagem, o cientista que criou Edward e o deixou inacabado.
Vincent Price trabalhou em dezenas de filmes de terror desde os anos 40. Era um dos maiores nomes do gênero junto com Christopher Lee e Peter Cushing. No seriado televisivo do Batman (anos 60) ele interpretou o vilão Cabeça de Ovo. Na música Thrilller de Michael Jackson é dele a narração aterradora e a estridente gargalhada final.
Danny Elfman, ex-líder do Oingo Boingo (uma das melhores e mais criativas bandas norte-americanas) compôs as trilhas-sonoras de quase todos os filmes de Tim Burton. A de Edward Mãos-de-Tesoura é uma das mais emotivas e está entre seus melhores trabalhos junto do diretor.
No entanto, a tal sociedade ''normal'' retratada nos filmes de Burton é geralmente esquisita, idiota, caricata e alienada. Povoada por personagens hipócritas de valores deturpados. Exageradamente coloridos e essencialmente mais monstruosos do que os injustiçados protagonistas dos filmes.
A sociedade assustadoramente comum ironizada e atacada pelo diretor está presente em praticamente todos os seus filmes, mas seu deboche encontra-se mais explícito nos filmes Edward Mãos de Tesoura, Marte Ataca!, e em suas versões de "Planeta dos Macacos" e "A Fantástica Fábrica de Chocolate".
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