JollyRoger 80´s

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quarta-feira, 30 de março de 2011

Erotização e Religião no Brasil



Sociedade. “Reunião de homens e mulheres que vivem em grupos organizados; corpo social; Conjunto dos membros de uma coletividade sujeitos às mesmas leis; União de várias pessoas que acatam um regulamento comum; Associação de pessoas que têm algum bem em comum.”

Definições eficazes, tendo em vista o grau de complexidade de uma sociedade. Complementando, indivíduos vivendo em grupos e subgrupos, ambos englobados em classes sociais definidas por sangue ou capital acumulado. A vida em sociedade consiste, resumidamente, em uma desesperada luta para ascender socialmente ou pelo menos manter-se estagnado.

Ao conjunto das estruturas sociais, religiosas, das manifestações intelectuais e artísticas de uma sociedade denominamos como sua Cultura. Os indivíduos são seres que se comunicam através de símbolos e associam significados aos símbolos. Mas, principalmente, têm a capacidade de atribuir um Valor à esses símbolos, ao contrário dos animais. 

Os Valores de uma sociedade não são totalmente explicitados, mas sim absorvidos, assimilados, se materializam nas sensações humanas e fazem parte de sua Cultura. Os valores mais coercitivos são também os mais sacralizados como, por exemplo, o incesto, que está presente em muitas sociedades.

Os Valores são complicados de serem destruídos e um Valor só é substituído por outro. Os Valores das sociedades ocidentais, industrializadas, capitalistas criam modelos comportamentais padronizados onde os indivíduos (principalmente moradores das grandes metrópoles) enquadram-se em regras e papéis pré-estabelecidos. 

No entanto, também se fazem presentes alguns movimentos questionadores de valores, como o Movimento Negro, O LGBT e o Feminismo.  E de que maneira se configura na atualidade a transmissão dos valores?



A Televisão vem se constituindo desde a segunda metade do século XX como a principal divulgadora de fatos (tidos em grande parte como verdades absolutas), tendências, de entretenimento e principalmente como a grande formadora de opiniões e transmissora dos Valores. 



Como uma sociedade habitando uma grande metrópole cosmopolita como o Rio de Janeiro, ou mais amplamente, um país como o Brasil, reage a tudo o que invade seus lares 24 horas por dia com sua permissão ou não?

É muito interessante tentar analisar as consequências provocadas na sociedade carioca como um todo, influenciada pelos Valores disseminados pelas redes televisivas brasileiras, que destinam uma considerável parte de sua programação para programas religiosos e outros de cunho sexual. 

Principalmente se focarmos na porcentagem da população, que com acesso negado, por um Estado ineficiente, às condições básicas de educação, saúde e lazer, podem vir a apresentar dificuldade no desenvolvimento de um raciocínio crítico que os tornariam mais imunes à influência dos discursos.



A compreensão dessa sociedade em transformação, que vive um período de intensos choques culturais, resultados da gradual destruição de Valores e sua posterior substituição por outros é muito importante.  Assimilar o paradoxo de viver em uma sociedade erotizada, onde a vida sexual inicia-se cada vez mais cedo, onde o “pecado” é consentido e estimulado durante um feriado (Carnaval) e onde a busca desenfreada por audiência leva as emissoras a exacerbarem na dose de erotismo de suas atrações é algo curioso. 



No sentido de que a mesma televisão propaga um outro tipo de discurso, de Valores completamente diferentes, mas igualmente fortes: os da monopolizante Igreja Universal do Reino de Deus, assim como de outras empresas religiosas neopentecostais. 

Uma sociedade deve abarcar indivíduos que trabalhem para o bem comum, mesmo que estes se constituam em grupos diferentes. Quais são as consequências esperadas para uma sociedade desigual, com tão pouca experiência democrática sendo bombardeada incessantemente com discursos de Valores completamente antagônicos?


Considero importante expor a atitude dos religiosos, que fazendo uso de sua popularidade, da confiança e dos votos depositados nas urnas eletrônicas pelos fiéis adentram em carreiras políticas. E usufruindo da máquina do Estado trabalham muitas vezes visando os anseios de grupos restritos da sociedade e criando ou aprovando leis, que muitas vezes beneficiam seus interesses diretos.


Assim como demonstrar que em nome de grandes interesses (econômicos e governamentais) a televisão tornou-se um espaço dominado por inúmeros programas religiosos e outros com conteúdo sexual. De um lado, os "apresentadores" pastores e bispos trabalham com um discurso de transmissão de Valores que, muitas vezes, pregam a desunião, a discriminação e a intolerância. 





Isso em uma sociedade caracterizada por diversidades culturais, sociais e religiosas. E na contramão desse processo tem-se a programação de culto à libertinagem, à prostituição e à sexualização de crianças e pré-adolescentes que demonstra ser uma manobra política cujo objetivo é a alienação disfarçada de pós-moderna liberdade sexual. 

Por fim, é interessante e algumas vezes revoltante analisar tais questões. Talvez demore a concluirmos até que ponto certas mudanças de comportamento, de pensamento, ideias, opiniões se deram de maneira “natural” ou foram ferozmente influenciadas ou impostas por grandes meios de comunicação.  

As consequências de todo esse complexo processo de disseminação maciça de valores antagônicos, em uma sociedade multifacetada como a brasileira já são visíveis para os que não vivem de olhos bem fechados.
 




Macaco de Imitação



O visionário pensador da Escola de Frankfurt Theodor Adorno afirmou que "O humano estabelece-se na imitação: um homem torna-se um homem apenas imitando outros homens." Mas quem teria sido o primeiro homem e o primeiro imitador? Difícil responder essa questão, pois nem se tratando do Mundo da Televisão podemos ter certeza de quem foi o primeiro humano a bancar o macaco de imitação.


Michael Jackson



É curioso como os grandes pensadores têm, a um só tempo, uma vida pessoal frágil, uma saúde bastante incerta, ao mesmo tempo que levam a vida ao estado de potência absoluta ou de "grande saúde".

_ Gilles Deleuze

segunda-feira, 28 de março de 2011

Projeto Starchild



Na verdade o homem não pisou na Lua em 1969. Toda a farsa de Neil Armstrong e aquela conversa de "Um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade" foi criada num pequeno estúdio cinematográfico nos arredores de Massachussets.


A façanha verdadeira só foi realizada em meados de 1984 como esta fotografia comprova. Fui selecionado dentre milhares de crianças para o "Projeto Starchild". Fruto de uma pesquisa conjunta de norte-americanos e soviéticos.  Os norte-americanos já haviam perdido muitos de seus jovens no Vietnã e os russos comunistas já tinham exterminado quase todos os seus em campos de trabalhos forçados na Sibéria.



Decidiram usar um exemplar de um povo considerado medíocre, no caso um brasileiro como eu. Mesmo com todas as adversidades (como tudo foi mantido em sigilo, não pude justificar minhas faltas no colégio e quase repeti o ano) acabou sendo uma experiência bem divertida. Aproveitei para adiantar meus trabalhos escolares lá no espaço e fiz uma experiência plantando um feijãozinho no algodão.




Saia do mundo da Lua e leia alguns dos textos abaixo:

quarta-feira, 23 de março de 2011

Qual é meu crime?

Tantas pequenas GRANDES vontades, prazeres e ambições ... e um Crime inventado para cada uma delas. É arriscado jogar mesmo quando se tem um ás na manga.




sexta-feira, 18 de março de 2011

De Volta para o Futuro e Foucault


Marcela Fernandes_ Encoxada do M. Lloyd Foucault !!! Ficou legal, hein?! Lloyd é a cara do Foucault, não acha? Na família Addams então! Igualzinho! (ai, ai... eu e minhas filosofices! Um dia eu paro. Palavra!)


Roger Marques_ Eu sabia! Cedo ou tarde alguém iria fazer alguma piada nesse sentido. Também não gosto muito da capa do "De Volta para o Futuro II". Só permiti a montagem com meu rosto nela para completar a trilogia... Viagens no tempo podem ser mais perigosas do que imaginamos. E não foi à toa que Foucault escreveu a História da Sexualidade.

Marcela Fernandes_ Partes 1, 2 e 3. Uma trilogia também! Se liga, "A História da Sexualidade 2: O USO DOS PRAZERES" !!! E mais: Foucault remonta à antiguidade greco-romana e vem observando o comportamento ao longo dos tempos... A viagem no tempo também é coincidência? 


Roger Marques_ Chego a pensar que nada é coincidência. A escolha de Christopher Lloyd, um ator que é a cara de Foucault, que analisou diversos temas em História. História = tempo; tempo passado, fatos históricos. Viagem no tempo! A escolha dessa capa em que Lloyd (mais velho) introduz em Michael J. Fox (jovem) o conceito da viagem no tempo e demais teorias (representada na encoxada) nos remete à certos princípios da educação romana.


Marcela Fernandes_ Por falar nisso, você sabe que a relação sexual entre jovens e velhos (pederastia grega) também foi discutida por Foucault. Era a "arte de amar" entre sábios (os velhos) e os jovens (em formação de cidadãos). É mesmo, não pode ser tanta coincidência assim! Essa capa é bastante filosófica! Hehehe...

Roger Marques_ Pederastia Clássica greco-romana. Não eram tão sábios assim... rsrs essa herança se faz muito presente na Europa como um todo. Interessante notar também que na capa da parte III, uma personagem feminina é introduzida na trama. E os personagens masculinos encontram-se numa posição mais afastada e até mais confortável, eu diria. Na minha opinião, seria interessante se ela estivesse no meio dos dois.


Roger Marques_ Chega de fazer analogias homossexuais de um dos meus filmes favoritos. Quero deixar claro que só considero a capa dele estranha! O conteúdo do roteiro não expressa nada gay entre os personagens principais. Podemos nos debruçar na questão edipiana do primeiro? Analisemos o primeiro exemplar da série agora.

Um adolescente dos anos 80 volta no tempo e por acidente impede o primeiro encontro de seus pais. Por conseguinte, sua mãe se apaixona subitamente por ele. Para garantir sua futura existência ele tem que fazer com que seus pais se apaixonem, fugindo das investidas da mãe e ajudando no processo de autoconfiança do pai. Uma variação moderna do Complexo de Édipo.



Marcela Fernandes_ Um Complexo de Édipo meio às avessas, né? Nesse caso, o desejo teria sua origem no inconsciente da mãe (putz, como seria isso de desejo de mãe para filho? Freud explica?). Tudo muito neurótico isso ("neurótico", claro! dããã...)! Por isso gosto do Deleuze! Ele fodere* com a Psicanálise !!! rsrs [que me desculpem os psicanalistas. Até acho interessante. Quase gosto.

Roger Marques _ Foram as pulsões q levaram a personagem da mãe sentir-se atraída pelo seu futuro filho?

Marcela Fernandes_ Você quer uma reposta (devaneio) freudiana ou deleuzeana? Hehe...

Roger Marques_ Fique à vontade com suas loucuras.

(...)

*Roger Marques é Mestre em História Social e arquivista;  Marcela Fernandes é Mestra em Filosofia.